sexta-feira, 22 de maio de 2009

Dado à preguiça, sentado num sofá que não o meu sou apanhado de surpresa. O sofá preto, em pele, é ergonómico, perfeito, como se tivesse sido feito à minha medida. No entanto não se trata do meu sofá. A divisão onde me encontro tem paredes pintadas de vermelho. Não tem uma porta ou uma janela. Apenas o sofá individual e duas estantes cheias de livros. Entro em pânico. Procuro a porta de saída mas em vão. Estou preso, numa pequena biblioteca. Remexo em todos os livros de ambas as estantes na esperança de encontrar uma porta secreta, daquelas que vemos nos filmes quando o protagonista está encurralado e acerta sempre à primeira no livro que ao ser puxado revela a passagem da sua salvação. O chão que piso é feito de mármore. O tecto pintado de preto. E nenhum livro me dá a passagem que pretendo. Tudo permanece no mais absoluto sossego. Consigo ouvir o bater do meu coração e o meu respirar. Conformo-me. Sento-me no sofá novamente. Tento-me lembrar de como fui ali parar. A última recordação que tenho é de me deitar na minha cama depois de um duche de água quase a ferver. Quando acordei já aqui me encontrava deitado ao ócio. Num ápice, as minhas pernas levam-me novamente até às estantes carregadas de livros. Agora que observo os livros com atenção, reparo que nenhum tem título. As capas são todas iguais, de cor branca. Fecho os olhos e escolho um livro à sorte. As pernas levam-me de volta para o sofá. Abro o livro numa página à sorte. Não pode ser! O meu nome aparece em letras enormes no topo da página. Abaixo está uma mensagem para mim:



Olá Basílio!


Este espaço onde te encontras fica dentro de ti. Para poder deixar esta mensagem tive de fazer o mesmo que tu. Não importa quem sou. Bem sei que vais tentar desvendar quem sou mas aviso que é tarefa impossível. O que te quero dizer é que mesmo num espaço tão pequeno como este podes-te perder e nunca mais regressar. Esquece o conforto da rotina e atrai a mudança sem medos. Não tenhas medo de te perder por te aventurares por novos caminhos. Às vezes é no desconhecido que nos encontramos, que percebemos quem somos…agora fecha o livro, senta-te e coloca-o no teu colo.



Assim fiz. Adormeci automaticamente. Quando acordo estou de novo na minha cama. São 7:30. O trabalho espera por mim…

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