sexta-feira, 22 de maio de 2009

Paris em dois dias

São 8h00 da manhã quando chego ao aeroporto Francisco Sá Carneiro. Detesto viajar de avião, mas não tenho escolha. O destino é Paris. Deveria estar entusiasmado com a viagem mas a verdade é que o meu estado é de completa indiferença. Talvez esse estado se deva ao motivo da viagem. Vou visitar um familiar que está hospitalizado em estado de coma, logo o meu espírito não é, nem pode ser o melhor. Após despachar a bagagem no check in, passo pela segurança do aeroporto. Sou tratado como um terrorista. Um membro da segurança revista-me da cabeça aos pés (até os sapatos descalcei!). Sem surpresas passo com distinção nesse acto de prevenção! Entro no avião e acomodo-me no meu lugar. O avião começa a sua marcha em direcção à pista. Quando chega ao início da pista ouve-se a voz do comandante “décollage” e o avião acelera a uma velocidade tremenda que fico colado ao banco. Sinto de seguida que já não existe contacto com o solo. Estou a voar! Durante a viagem para me distrair vou lendo um livro. Chego a Orly passadas duas horas. Nunca antes tinha estado em Paris. A estadia é curta, de sábado até segunda-feira de madrugada. Tenho um conhecido à espera, à saída do aeroporto para me levar de carro ao apartamento onde vou ficar instalado. Confesso que se pudesse escolher, teria preferido fazer essa viagem de transportes públicos para desde logo começar a sentir a cidade. Por outro lado o tempo é curto e está contado, e tenho de ir para o hospital o quanto antes. Fico instalado muito perto da Torre Eiffel, no outro lado do rio Senna ao lado do Trocadéro. Entre as viagens ao hospital, perto da Gare d`Austerlitz, mais concretamente em frente à estação de metro Chevaleret, apenas me sobra o sábado à noite e o domingo de tarde para sentir o pulsar da cidade. Apesar da situação é a minha primeira vez em Paris e tenho de aproveitar. Passo o sábado à noite no Quartier Latin. Janto num pequeno restaurante na Rue Mouffetard. O ambiente é boémio e sinto-me em casa. Existe uma mescla de pessoas à minha volta que nunca tinha presenciado, como se todas as raças e estilos de pessoas tivessem marcado encontro no mesmo lugar. Fico completamente atraído por essa mistura de gente e sinto-me mais um no meio daquela multidão. Após um passeio pelo quarteirão regresso ao apartamento. Estou exausto e caio redondo na cama. De manhã como um pequeno-almoço reforçado. De seguida atravesso rio em direcção à Torre Eiffel. Sempre imaginei como seria estar na presença de um monumento tão imponente, mas o que senti foi completamente diferente do que tinha imaginado. Não me senti pequeno, isto apesar de a Torre ser muito mais alta do pensava. Dou por mim debaixo da montanha de ferro com ligações complexas e simétricas. Como tenho o tempo contado decido não subir ao cimo e parto em direcção ao local que sempre quis visitar em Paris. Apanho o metro e saio em Charles de Gaulle-Étoile. Quando saio do tubo, sinto uma emoção impossível de descrever. Se já tinha ficado impressionado com a imponência da Torre de ferro, o Arco do Triunfo deixa-me estático. Aquela rotunda que é enorme, fica minúscula, passa despercebida. Os meus olhos estão colados naquela porta que representa a glória e vitória. Consigo sentir a quantidade infinita de pessoas que já ali passou. Decido descer os Campos Elísios. Todas as lojas possíveis e imaginárias estão ao dispor nessa avenida. Quando chego à Praça da Concórdia, com o seu Obelisco no meio e com vista para a Assembleia Nacional, são horas de voltar ao hospital…Nessa madrugada regresso ao Porto. Na viagem de regresso sinto que apenas o meu corpo está dentro do avião. A minha alma tinha ficado para trás, na cidade luz. Hoje sei que ela já voltou a habitar o meu corpo. Sei porque sinto uma vontade enorme de regressar a Paris, para uma visita prolongada e com um espírito e ambiente mais felizes. Só estando lá para entender o poder de atracção que a cidade tem sobre as pessoas. Quero ver o Louvre por dentro. Quero-me perder em Paris…

3 comentários:

  1. wellllllllll............ já deu pa ver q foi a viagem da tua vida hum? :D

    embora nao tenhas ido por bons motivos, aproveitas-te bem ^^

    p acaso nunca lá fui xD

    mas gostei do post.. tá mt bem escrito... explica as coisas ao pormenor ^^

    temos escritor ;)

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  2. Escreves em narrativa o que é um estilo que permite mais detalhes mas por vezes corremos o risco de divagarmos demasiado...

    A cidade das luzes é a inspiração mais pura para a escrita e muitas outras artes...

    No teu texto senti-me passar por a cidade onde as minhas raizes nasceram...gostei...

    Temos ambos amor pela escrita, mas formas diferentes de a utilizar, pois uso prosa poética, e fujo da narrativa porque me limita mais...

    Ci

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  3. a tua maneira de escrever e' tão parecida a' minha :O

    Xanaa

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